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Unidades de Extensão da rede municipal do Rio denunciam mais ataques da prefeitura

O Sepe apoia a luta e Chama a atenção da categoria para a importância da defesa das Unidades de Extensão – Núcleos de Arte e Clubes Escolares -, agora sob forte ameaça de fechamento parcial ou total de suas oficinas.
 
Quem conhece o trabalho dessas unidades na rede sabe da importância do mesmo para crianças e adolescentes, que nelas encontram atividades, acolhimento, conhecimento e desenvolvimento de diversas competências e habilidades nos mais diversos campos das artes e do esporte. Atividades essas que as famílias cujos filhos estudam nas escolas públicas do Rio de Janeiro dificilmente encontram acesso, ainda mais gratuitamente, nas comunidades onde vivem. 
 
No entanto, e sem o devido apoio das instâncias de poder vinculadas ao seu funcionamento na estrutura da SME, várias das mencionadas unidades vêm sendo 'visitadas' por profissionais da ‘Coordenadoria' responsável pelo funcionamento e provimento orçamentário(?), bem como das CREs às quais aquelas unidades estão vinculadas administrativamente. 
Nessas visitas temos observado um caráter muito mais de perseguição, de investigação e de 'busca de motivos’ que justifiquem o encerramento de algumas ou de todas as oficinas de alguns desses espaços de ensino/aprendizagem do que de colaboração e procura por soluções de possíveis problemas. 
 
Alguns desses profissionais inquisidores têm adentrado salas de aula desses espaços munidos de listas de presença dos alunos para verificação do seu quantitativo, constrangendo a crianças e os professores das oficinas, profissionais da rede como todos os outros, sem levar em conta as especificidades de cada uma das linguagens e atividades praticadas, bem como das variáveis inerentes às mesmas, como metragem do espaço físico, condições materiais objetivas para a realização das práticas, como número de instrumentos disponíveis, quantidade de telas e de tinta para as aulas de artes visuais, entre tantos outros. 
 
Nessa etapa do ano letivo, quando chegamos perto da metade do segundo semestre, os agentes da prefeitura lotados nas CREs e na Gerência da Extensividade na SME, cerceiam a autonomia pedagógica dos profissionais e ameaçam com o encerramento de trabalhos reconhecidos pelas comunidades atendidas pelos profissionais das Unidades de Extensão, determinando expressamente o número de 20 (vinte) alunos por turma, sem qualquer estudo científico ou pesquisa acadêmica que respalde esse número! Para esses agentes do cumprimento dos interesses da prefeitura, outrora profissionais da Educação como nós, não importa o tamanho das salas em questão, ou as especificidades de limite quantitativo, inerentes aos processos de ensino/aprendizagem próprios de cada uma das linguagens artísticas e/ou esportivas envolvidas.  
 
Ao mesmo tempo, esses mesmos agentes da burocracia administrativa do governo municipal convocam aqueles mesmos profissionais das Unidades de Extensão para participar dos chamados "Sabadões Cariocas", muitas vezes de forma a pressionar os diretores dessas unidades, não obstante o caráter 'voluntário' de adesão ao programa, eminentemente oportunista e eleitoreiro, tendo em vista o estado cada vez mais precário da grande maioria das escolas da rede municipal e das condições de trabalho nas mesmas. Será que, mais uma vez, estamos diante de mais um capítulo da história recorrente no nosso país, Estado e Município onde um governo impopular e autoritário silencia, apaga projetos que funcionam e que são significativos para as comunidades onde se inserem, com o objetivo de levantar outro, cuja 'paternidade' e 'assinatura política possam ser reivindicada para si? Mesmo que o novo 'projeto' não apresente qualquer compromisso pedagógico ou discussão prévia que conte com a participação dos profissionais envolvidos, mas sim que precise ser levado o quanto antes à imprensa e à população, em horário nobre, como já acontece hoje, com o objetivo eleitoreiro de iludir o povo quanto ao compromisso dessa prefeitura com a Educação Pública desse município, nossas crianças, jovens e seu futuro. 
 
Vamos participar, então, da defesa desses importantes espaços de ensino de excelência nas artes e no esporte, presentes desde os anos 80 na rede municipal do Rio, cuja história representa parte da nossa luta e resistência por uma educação pública, gratuita e de qualidade, onde se construiu e se constrói a formação cidadã, e por vezes até profissional, de várias das nossas crianças, em meio à miséria e criminalidade que esse mesmo governo ajuda a promover e aprofundar!